O Supremo Tribunal Federal (STF) declarou, por sete votos a quatro, que o ex-juiz Sergio Moro atuou com parcialidade ao julgar Lula o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos processos em que o político é réu no caso do triplex no Guarujá.
O julgamento foi retomado nesta quarta-feira com os votos do decano, ministro Marco Aurélio Mello, e do presidente da Corte, Luiz Fux.
O decano e Fux acompanharam o relator, ministro Edson Fachin, e votaram contra a suspeição de Moro. Para Marco Aurélio, dizer que a suspeição do ex-juiz está revelada em “gravações espúrias” é admitir que ato ilícito produza efeitos, “valendo notar que a autenticidade das gravações não foi elucidada”.
No final de abril, o plenário do Supremo formou maioria para validar a decisão da Segunda Turma que considerou Moro parcial no caso do apartamento do Guarujá, mas o julgamento foi suspenso após pedido de vista do decano.
Sete ministros votaram pela manutenção da suspeição: Gilmar Mendes, Nunes Marques, Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Rosa Weber. Além de Marco Aurélio e Fachin, foi contra a revogação o ministro Luís Roberto Barroso.
Fux e Marco Aurélio
Para Fux, o direito de defesa do ex-presidente não foi prejudicado pelo fato de os processos terem sido conduzidos em uma vara “incompetente”. Na avaliação do presidente, a declaração da suspeição de Moro com base em provas “ilícitas”, como as mensagens da Operação Spoofing, também é prejudicial ao resultado.
Ao concordar com Marco Aurélio, Fux disse “que houve uma nulificação de um processo que levou sete anos para que fosse construída toda uma arquitetura legítima, porque Estado tem o direito de impor a sua ordem penal, e foi jogada por terra exatamente por defeitos que não causaram nenhum prejuízo para a defesa”.
No caso dessa quarta-feira, a defesa do ex-presidente alega que o ex-juiz não detinha a imparcialidade necessária para julgá-lo, tendo como base os arquivos obtidos pela Operação Spoofing em ação contra hackers, que revelaram a troca de mensagens entre Moro e os procuradores da Operação Lava-Jato.
Anulação de decisões
Com o reconhecimento de que Moro estava em condição suspeita ao julgar Lula, o resultado levará à anulação de todas as decisões proferidas pelo então juiz do caso, incluindo provas e denúncias coletadas, que não poderão ser utilizadas em um eventual novo julgamento pela Justiça Federal do Distrito Federal, para onde o caso foi enviado.
Manifestação de Moro
Após o resultado do julgamento, Moro se manifestou nas redes sociais e defendeu sua atuação nos casos envolvendo o ex-presidente. “Os votos dos ministros Fachin, Barroso, Marco Aurélio e Fux, não reconhecendo vícios ou parcialidade na condenação por corrupção do ex-Presidente Lula, correspondem aos fatos ocorridos e ao Direito. Nunca houve qualquer restrição à defesa de Lula, cuja culpa foi reconhecida por dez juizes”, disse, em nota no Twitter.
Com informações de O Globo