A Paraíba registrou, entre novembro de 2020 e janeiro deste ano, 47 eventos sísmicos, conhecidos como tremores ou pequenos terremotos. O dado foi obtido pelo ClickPB em consulta a estudos divulgados pelo Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis UFRN).
Patos, município do Sertão, é o que mais registrou terremotos, com seis. Depois, aparecem Juazeirinho, com cinco; Campina Grande, com quatro; e Picuí, com três abalos registrados.
Sobre intensidade dos terremotos, o de maior magnitude foi registrado em Patos, com 2.2, e Belém do Brejo do Cruz, também com 2.2.
Motivos para registro de terremotos na Paraíba
Ao ClickPB, André Tavares, engenheiro do LabSis, explicou que falhas geológicas e pressões na placa tectônica do continente são os principais motivos de ocorrência dos tremores.
“Normalmente, [eles acontecem] por falhas geológicas presentes no interior do continente, no interior da placa tectônica Sul-Americana. As pressões nas bordas da placa tectônica, assim como outros fenômenos geológicos e até antropogênicos, criam essas falhas (que são como rachaduras no subsolo)”, explicou André Tavares.
Sobre a possibilidade de desastres com mortes e danos a prédios, André relatou que tudo depende da intensidade dos terremotos e da proximidade do epicentro aos centros urbanos.
Como exemplo, ele relacionou terremotos submarinos, que acontecem e não são sentidos na superfície, e um terremoto que ocorreu no Rio Grande do Norte em 1986, que terminou com a destruição da cidade de João Câmara.
“No Nordeste, em geral, acima de 1.5 de magnitude a população sente os terremotos. Estamos na região sísmica mais ativa do Brasil no momento. [Mas, destruição] depende da proximidade entre o epicentro do terremoto aos centros urbanos e à magnitude. Entre a África e a América do Sul há uma cadeia de montanhas submarinas, a Dorsal Meso Oceânica. Lá, ocorrem terremotos de magnitude acima de 5 e ninguém nem sente, por estar no fundo do mar e longe de centros urbanos. Já o terremoto de João Câmara, em 1986, de magnitude máxima de 5.1 destruiu a cidade”, contou André Tavares.
Estudo prevê terremotos mais fortes no Nordeste
Terremotos de magnitude 6,2 graus podem começar a afetar a Paraíba e outros estados do Nordeste. A probabilidade foi divulgada pela Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) a partir de um estudo do Catálogo Sísmico Brasileiro (SISBRA).
O estudo considera a região Nordeste um local estável no quesito de abalos sísmicos. No entanto, nos próximos 50 anos, a região tem chance de registrar terremotos com potencial de destruição.
“Nossa análise mostrou que no Nordeste, em 50 anos, terremotos de magnitudes de 4,7 a 5,1 têm probabilidades de ocorrência de 50% (relevante para estruturas civis, como casas e prédios), e de magnitudes 5,5 a 6,2 têm probabilidades de 10% (relevante para obras civis de grandes dimensões, como barragens, parques eólicos, mineração, usinas hidrelétricas e nucleares)”, destacaram os autores do estudo, como visto pelo ClickPB.
O estudo também pede que as autoridades acordem para a importância de ações preventivas. A pesquisa foi conduzida pelos pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), José Augusto Silva da Fonsêca e Aderson Farias do Nascimento (professor coordenador do LABSIS, que integra a RSBR), e do professor do Institute of Geophysics Polish Academy of Sciences, Stanisław Lasocki.
O estudo completo pode ser lido clicando aqui.
Confira abaixo a relação completa de cidades com mais tremores desde 2020:
- Patos – 6
- Juazeirinho – 5
- Campina Grande – 4
- Picuí – 3
- Belém do Brejo do Cruz – 2
- Catolé do Rocha – 2
- Esperança – 2
- Gurinhém – 2
- Pitimbu – 2
- Pocinhos -2
- Santa Luzia – 2
- Alcantil – 1
- Arara – 1
- Barra de Santa Rosa – 1
- Brejo do Cruz – 1
- Caldas Brandão – 1
- Itapororoca – 1
- Juru – 1
- Mamanguape – 1
- Olho D’Água – 1
- Pedras de Fogo – 1
- Puxinanã – 1
- Queimadas – 1
- Serra Branca – 1
- Sousa – 1
- Taperoá – 1
Confira abaixo a relação de cidades e magnitude dos tremores:
- Brejo do Cruz – 27 de janeiro de 2024, magnitude 2.0
- Mamanguape – 1 de abril de 2023, magnitude 1.7
- Juazeirinho – 17 de fevereiro de 2023, magnitude 1.6
- Santa Luzia – 2 de fevereiro de 2023, magnitude 1.5
- Alcantil – 23 de setembro de 2022, magnitude 1.8
- Queimadas – 3 de setembro de 2022, magnitude 1.7
- Belém do Brejo do Cruz – 29 de agosto de 2022, magnitude 1.8
- Belém do Brejo do Cruz – 24 de agosto de 2022, magnitude 2.2
- Taperoá – 3 de agosto de 2022, magnitude 1.6
- Juazeirinho – 19 de julho de 2022, magnitude 1.5
- Serra Branca – 7 de julho de 2022, magnitude 1.5
- Campina Grande – 28 de junho de 2022, magnitude 1.5
- Picuí – 18 de junho de 2022, magnitude 1.5
- Arara – 13 de junho de 2022, magnitude 1.5
- Catolé do Rocha – 3 de junho de 2022, magnitude 1.5
- Puxinanã – 5 de abril de 2022, magnitude 1.5
- Pocinhos – 3 de abril de 2022, magnitude 1.5
- Patos – 1º de abril de 2022, magnitude 1.6 e 1.5
- Gurinhém – 21 de março de 2022, magnitude 1.7
- Santa Luzia – 18 de março de 2022, magnitude 1.5
- Campina Grande – 26 de novembro de 2021, magnitude 1.6
- Juru – 23 de novembro de 2021, magnitude 1.6
- Juazeirinho – 1º de novembro de 2021, magnitude 1.8
- Campina Grande – 25 de outubro de 2021, magnitude 1.6
- Patos – 2 de outubro de 2021, magnitude 1.5
- Catolé – 30 de setembro de 2021, magnitude 1.8
- Esperança – 24 de setembro de 2021, magnitude 1.8 e 1.6
- Itapororoca – 18 de setembro de 2021, magnitude 1.9
- Picuí – 6 de setembro de 2021, magnitude 1.6
- Olho D’Água – 10 de junho de 2021, magnitude1.9
- Juazeirinho – 4 de maio de 2021, magnitude 1.4
- Pitimbu – 28 de abril de 2021, magnitude 1.6
- Pitimbu – 19 de abril de 2021, magnitude 1.5
- Patos – 10 de abril de 2021, magnitude 2.0 e 2.2
- Pocinhos – 10 de abril de 2021, magnitude 1.5
- Campina Grande – 5 de abril de 2021, magnitude 1.5
- Caldas Brandão (Cajá) – 8 de março de 2021, magnitude 1.8
- Pedras de Fogo – 2 de março de 2021, magnitude 1.8
- Sousa – 14 de janeiro de 2021, magnitude 1.5
- Gurinhém – 18 de dezembro de 2020, magnitude 1.5
- Barra de Santa Rosa – 2 de dezembro de 2020, magnitude 1.5
- Picuí – 18 de novembro de 2020, magnitude 1.5
- Patos – 11 de novembro de 2020, magnitude 1.8
- Juazeirinho – 10 de novembro de 2020, magnitude 1.5