O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, disse nesta segunda-feira que a discussão sobre unidade financeira comum para o comércio entre o Brasil e a Argentina não vai substituir as moedas nacionais e nem ser como o euro.
Ele disse que há uma dificuldade de aceitação do peso argentino no mercado internacional. Por isso, afirmou, é necessário encontrar meios para realizar o comércio entre os dois países sem depender do dólar, usado para as transações.
Em entrevista à GloboNews, Galípolo disse que o comércio entre Brasil e Argentina fica “constrangido” pela disponibilidade da moeda de um terceiro país não participante desse comércio, no caso o dólar.
A busca pela solução passa, no primeiro momento, pela criação de um sistema de garantias a exportadores brasileiros que vendem para a Argentina, afirmou. Um segundo passo seria a discussão sobre os meios de troca.
— O primeiro passo que estamos debatendo é como retomar o financiamento e o crédito ao exportador brasileiro/importador argentino exclusivamente de bens e serviços do Brasil. A gente está tomando todos os cuidados para que esses créditos sejam sempre condicionados a colaterais e garantias — afirmou Galípolo.
Segundo ele, a ideia é criar uma espécie de clearing (câmara de compensação). O secretário afirmou que o governo está tentando suprir a carência que a Argentina tem de acesso à divisas realizando operações em reais para os importadores argentinos que vão demandar bens e serviços do Brasil.
— Num segundo momento o que a gente está pensando em fazer é como a gente pode instituir algum tipo de governança coletiva sobre essa unidade de conta e meio de troca que pode servir para relações comerciais entre os países da região que não vá sofrer constrangimento em função da gestão da moeda em um país terceiro e que possa inclusive induzir a coordenação das políticas econômicas da região em melhores práticas — completou.
Galípolo disse que o Brasil recuou as relações de comércio com a Argentina e parte desse pedaço foi ocupado pela China, que vem propondo soluções ao financiar a importação de produtos chineses pela Argentina .
— O espaço que a gente perdeu em função das restrições que a Argentina sofre hoje de acesso a uma moeda conversível, a gente está tentando construir solução — afirmou.
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