As prefeituras da Paraíba correm o risco de ter que devolver máquinas pesadas já recebidas que foram compradas pelo Governo Federal, através de licitação promovida pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), com superfaturamento nos preços.
O mesmo risco se aplica também à Prefeituras municipais dos Estados de Pernambuco e São Paulo que também foram beneficiadas com a entrega de máquinas oriundas do mesmo esquema de superfaturamento.
Os casos de sobrepreços foram identificados através de uma auditoria realizada pela Controladoria-Geral da União (CGU) e divulgados recentemente.
De acordo com a auditoria, pelo menos 20 motoniveladoras, máquinas pesadas utilizadas para nivelamento de estradas, destinadas aos Estados da Paraíba, Pernambuco e São Paulo foram superfaturadas.
A investigação revelou que as máquinas contratadas por R$ 798 mil deveriam ter sido adquiridas por R$ 154.200,00 a menos, ou seja, por um valor máximo de R$ 643,8 mil.
Já nos casos das máquinas direcionadas aos Estados de Pernambuco e São Paulo a situação é similar, uma vez que as máquinas adquiridas para o território pernambucano por R$ 802,5 mil deveriam ter custado R$ 161 mil a menos e custado no máximo R$ 641 mil e as direcionadas para Prefeituras paulistas, que custaram R$ 774,1 mil, deveriam ter valor máximo de R$ 638,5 mil ou R$ 135,6 mil a menos.
Ao final, a autoria revelou que, apenas nestes três Estados o superfaturamento foi de R$ 2,9 milhões, uma vez que foram pagos pelas 20 máquinas R$ 15,7 milhões quando o valor máximo total deveria ter sido de R$ 12,8 milhões.
Suspensão
A partir da divulgação dos casos, alguns parlamentares, dentre senadores e deputados federais, decidiram se unir e solicitar ao Tribunal de Contas da União (TCU) a suspensão da licitação superfaturada feita pelo MDR e a investigação do ministro Rogério Marinho, bem como do secretário Tiago Pontes, que é apontado como responsável pela condução do processo de compra das máquinas.
Consequências
Especialistas apontam que a invalidação de todo o edital é o procedimento mais adequado à situação uma vez que uma empresa que foi flagrada superfaturando preços em uma negociação que envolve dinheiro público não pode ser convidada à celebração de acordos simples, mas, sim, investigada e devidamente punida.
Outros casos
A auditoria da CGU revelou que, no geral, o sobrepreço alcança R$ 130 milhões que foram bancados com recursos do chamado “orçamento secreto” utilizado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para conseguir apoio no Congresso através de violação Constitucional.
O valor total da transação, segundo levantamento realizado pela CGU, foi de R$ 2,89 bilhões pela aquisição de 6.240 máquinas pesadas para distribuição em municípios beneficiados através de indicação no esquema que ficou conhecido como “tratoraço”.