O presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, Adriano Galdino, não apenas colocou em dúvida a candidatura de Aguinaldo Ribeiro ao Senado, como o comprometimento da família Ribeiro com o projeto de reeleição do governador João Azevedo. As declarações foram dadas hoje ao programa Rádio Verdade, da rádio Arapuã.
Na entrevista, Galdino insinuou que Aguinaldo Ribeiro é um estranho no ninho, um aderente que resolveu apoiar o governo apenas depois da eleição, já que a família Ribeiro lançou Aguinaldo e Daniella Ribeiro candidatos pela chapa de oposição, em 2018.
Segundo Galdino, Efraim Filho foi escolhido candidato do Republicanos por dois motivos. O primeiro, em razão da não formalização da pretensão de Aguinaldo Ribeiro disputar a única vaga para o Senado, o que pode (pode) acontecer amanhã (15/06). Sem essa formalização, o partido buscou um candidato no grupo político que apoiou João Azevedo, em 2018, e Efraim Filho tinha as credenciais para receber esse apoio, já que é um apoiador de João Azevedo de primeira hora.
O presidente da Assembleia deixou em dúvida até mesmo o comprometimento dos Ribeiro com a reeleição de João Azevedo:
“Eu ainda não vi uma declaração de Aguinaldo de que está com João durante esse processo todinho. Eu não vi uma declaração da senadora Daniella de que está com João. Não vi de Lucas [Ribeiro] nem de Enivaldo [Ribeiro]”,
Ao contrário do Republicanos, que “em todos os momentos, em todas as entrevistas, todos os seus membros sempre deram declarações de apoio incondicional ao governador João Azevêdo”.
Aliás, Adriano Galdino poderia ter lembrado as declarações críticas a João Azevedo, tanto de Enivaldo Ribeiro (leia aqui) quanto da própria Daniella Ribeiro – esta sempre fez questão de se colocar no campo da oposição (leia aqui).
Enfim, vai ficando cada vez mais evidente para o eleitorado que a chapa governista é um arranjo cheio de contradições, algumas parecendo ser cada vez mais insuperáveis. Um balaio de gatos cheios de desconfianças mútuas. Se é verdade que a decisão do Republicanos de apoiar Efraim Filho para o Senado, que está na chapa do oposicionista Pedro Cunha Lima, é uma incongruência, também é impossível desconhecer que o gigantesco espaço concedido por João Azevedo ao recém-chegado Progressistas, um partido que jamais fez um defesa explícita do governo, é inexplicável, a não ser por conta de acordos que não podem aparecer à luz do dia. Trata-se de um prêmio aos aderentes – e aderir é algo que a família Ribeiro sabe fazer muito bem (com uma boa “conversa”, claro). E também uma traição aos que ajudaram a eleger João Azevedo.
Por isso, João Azevedo que se cuide, pois o histórico de mudanças de palanque de Aguinaldo Ribeiro é conhecido. Vide o que aconteceu em 2010, quando ele chegou a assinar a ata da convenção em apoio a Ricardo Coutinho, e, dois dias depois, apareceu na convenção do PMDB para, sem pudor algum, anunciar apoio à reeleição de José Maranhão.
Flávio Lucio