Na noite do último sábado (8), um grupo de quatro homens armados e encapuzados invadiu o Acampamento Canudos do MST, localizado no município de Riacho de Santo Antônio, no Cariri da Paraíba. Os criminosos amarraram os moradores, incendiaram barracos e saquearam pertences das famílias, deixando um rastro de medo e destruição.
Gerlane Alves, 24 anos, estava em casa com seus dois filhos pequenos quando os homens invadiram o local. “Eles gritavam alto, diziam ser policiais e que estavam ali para fazer o bem”, relata. Os criminosos amarraram o companheiro de Gerlane e atearam fogo no barraco, queimando tudo o que havia dentro. “Deixaram a gente assistir tudo nosso pegar fogo. Sensação horrível. Perdi tudo”, desabafa Gerlane.
Dona Ivoneide Ferreira da Silva, 46 anos, também teve seu barraco incendiado. “Eles foram entrando e botando logo o revólver na cabeça do meu marido, dizendo que era da polícia”, conta. “A gente ficou sem nada. Pedi para pegar meus documentos e eles disseram que documentos a pessoa tira de novo. Perdi tudo, tudo. Fiquei só com a roupa do corpo. Estou destruída. Destruíram meu sonho”, lamenta.
Segundo relatos de algumas famílias, no dia 30 de maio, representantes do INCRA e do MST realizaram o cadastramento das famílias no acampamento. Na mesma semana, o proprietário da fazenda esteve no local acompanhado de um possível comprador. Há dois anos, os moradores vinham sofrendo ameaças de um funcionário da fazenda conhecido como Erivadro, que já havia dito que colocaria fogo no local.
O Acampamento Canudos é uma ocupação do MST há 10 anos e abriga 56 famílias que reivindicam a desapropriação da fazenda, que se encontra abandonada e improdutiva. As famílias cultivam diversos alimentos e criam animais no local.
O crime está sendo investigado pela Polícia Civil e pela Comissão Estadual de Prevenção à Violência no Campo. Até o momento, ninguém foi preso.
O MST repudia a violência e cobra justiça
A Coordenação Estadual do MST na Paraíba repudia veementemente o ataque e cobra das autoridades uma investigação rigorosa para que os responsáveis sejam punidos. A entidade também pede medidas de proteção para as famílias afetadas.
Com Paraíba Feminina