BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) — Em depoimento à CPI da Covid, nesta quarta-feira (9), o coronel Élcio Franco, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, criticou duramente a Pfizer, os termos apresentados pela empresa ao governo brasileiro e afirmou que havia desconfiança em relação à vacina que a farmacêutica americana oferecia.
“Diferente de outros laboratórios com os quais tratávamos, nos pareceu que ela queria se isentar da responsabilidade civil sobre efeitos colaterais graves, nem ela confiava no que estava vendendo pra gente. Essa foi uma primeira impressão”, afirmou.
O coronel também disse que as exigências não eram apresentadas a países desenvolvidos, como os Estados Unidos. E lembrou que a Pfizer respondeu a processos por promover medicamentos não aprovados pelo FDA, órgão equivalente à Anvisa nos EUA.
“Essas ações geram incertezas durante um processo de negociação”, afirmou o braço direito do ex-ministro Eduardo Pazuello.
EMAILS REPETIDOS
Durante o depoimento de Franco, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), lembrou que 81 correspondências foram enviadas pela Pfizer ao governo federal entre março de 2020 e abril deste ano. O senador afirmou que em cerca de 90% não houve resposta da gestão Jair Bolsonaro.
O ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde argumentou que algumas correspondências citadas pelo senador eram respostas de demandas da pasta e que a empresa também mandava emails repetidos. Disse ainda que o primeiro contato dele com representantes da farmacêutica americana foi em agosto do ano passado.
“Em agosto eles nos apresentaram o primeiro memorando de entendimento e ele tinha as cláusulas que falamos. Nesse primeiro memorando eles já afirmavam que não garantiam o sucesso do desenvolvimento da vacina.”