Um operação deflagrada no Rio Grande do Norte, nesta terça-feira (14), tem alvos na Paraíba com objetivo de apurar lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas e de integrantes de facção criminosa. A ação investiga grupo criminoso que teria lavado mais de R$ 23 milhões com a compra de imóveis, fazendas, rebanhos bovinos e até com o uso de igrejas.
De acordo com informações dos órgãos de investigação, “laranjas” teriam lavado mais de R$ 23 milhões, inclusive em igrejas.
Segundo a coordenação do Gaeco/MPPB, na Paraíba foi cumprido um mandado de prisão e vários mandados de busca e apreensão. “O Gaeco firmou uma parceria com a Dracco para estruturar investigações qualificadas em face das facções que atuam em nosso Estado”, afirmou o promotor de Justiça, Octávio Paulo Neto.
A operação Plata cumpriu sete mandados de prisão e outros 43 de busca e apreensão nos Estados do Rio Grande do Norte, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Bahia, Ceará e Paraíba, e ainda no Distrito Federal.
A ação teve o apoio da Polícia Militar potiguar e dos Ministérios Públicos de cada Estado onde houve cumprimento de mandados e, ainda, do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Ao todo, participaram nacionalmente do cumprimento dos mandados 48 promotores de Justiça, 56 servidores e ainda 248 policiais.
O esquema de lavagem de dinheiro, de acordo com as investigações do Ministério Público do Rio Grande do Norte já perdura por mais de duas décadas.
De acordo com o MPRN, o grupo lavava o dinheiro com a compra de imóveis, fazendas, rebanho bovino, automóveis, abertura de mercados e até com a fundação de igrejas evangélicas. O principal investigado na operação é Valdeci Alves dos Santos. Ele é originário da região Seridó do Rio Grande do Norte e é apontado pelo Ministério Público de São Paulo, em ação separada, como liderança do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que surgiu nos presídios paulistas e que tem atuação em todo o Brasil e em países vizinhos. Valdeci já estava preso na Penitenciária Federal de Brasília.
No Rio Grande do Norte, ele tem como maior aliado o irmão Geraldo dos Santos Filho, conhecido por Pastor Júnior. Segundo as investigações do MPRN, há pelo menos duas décadas os dois mantêm o esquema de lavagem de dinheiro, tendo como participantes seus irmãos, filhos, sobrinhos e comparsas fora da família. Ao lado da mulher dele, Geraldo é investigado por constituir um patrimônio de R$ 6.189.579,42, valor incompatível com seus rendimentos laborais declarados. A mulher dele também foi presa nesta terça-feira.
Em 2019, Geraldo Filho foi preso usando documento falso em nome de José Eduardo Medeiros de Moura. Ele e a mulher teriam constituído uma empresa jurídica para a lavagem de dinheiro. A suspeita é a de que Geraldo e a mulher, através de “laranjas”, lavavam dinheiro também através de igrejas evangélicas. Em nome desses laranjas, a suspeita é que o casal abriu pelo menos sete igrejas nos Estados do Rio Grande do Norte e São Paulo. A ação cumpriu mandados de busca e apreensão em algumas dessas igrejas.
O material apreendido nas igrejas será analisado pelo MPRN para apurar se há envolvimento de outras pessoas nos crimes. Valdeci já estava preso na Penitenciária Federal de Brasília, onde foi cumprido novo mandado. Geraldo e outras cinco pessoas foram presas no Rio Grande do Norte nesta terça e encaminhadas ao sistema carcerário potiguar.
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