A preparação para a inauguração das novas instalações, que seriam alugadas à Braiscompany por um grupo local, começou meses antes do início das suspeitas que colocaram a empresa na mira das autoridades por supostos crimes contra o sistema financeiro e o mercado de capitais. Seria um “marco” da empresa no município do interior.
O atual escritório em Monteiro funciona ali perto. No mesmo prédio, fica um escritório do Banco do Nordeste e, na mesma avenida, há agências de outros bancos, a exemplo da Caixa Econômica Federal. Trata-se de um local estratégico e de visibilidade.
A inauguração do primeiro escritório ocorreu em dezembro de 2021, tendo como representante o advogado Dr. Selemirth Almeida. Nas redes sociais e em notas divulgadas na imprensa local, ele chegou a falar sobre o “sucesso” das atividades na região e em alcançar novas metas relacionadas à captação de clientes.
Com o início das investigações e da crise que se abate sobre a empresa, entretanto, não se sabe qual será o destino do novo prédio, que abrigaria as “futuras instalações” da Braiscompany.
R$ 10 milhões na carteira de clientes
De acordo com o site oficial da Braiscompany, a empresa tem escritórios em 7 cidades, sendo que três ficam no interior do estado: além da sede, em Campina Grande, há escritórios em Monteiro, no Cariri, e em Cuité, no Curimataú.
No dia 11 de fevereiro do ano passado, dois meses após a inauguração do atual escritório em Monteiro, a Braiscompany divulgou uma propaganda dizendo que “Gerente de Monteiro atinge mais de 10 milhões na carteira de clientes“. O lead da “notícia” publicada em blog da região, dizia: “Nesta quinta-feira (10), o Gerente da Braiscompany de Monteiro, atingiu a meta de mais de 10 milhões na carteira de clientes, Dr Selemirth Almeida”.
Segundo a mesma notícia, na noite da inauguração do primeiro escritório, “houve um jantar comemorativo na Fazenda Terra do Sol, regada a muito camarão e boa música” e que “durante o evento, Selemirth Almeida agradeceu o acolhimento da cidade de Monteiro, bem como convidou os presentes e toda a sociedade para conhecer este novo modelo de negócio que vem dando liberdade financeira para muitas famílias”.
Em mensagem ao blog, um morador de Monteiro disse que “empresários e até políticos em Monteiro e na região do Cariri teriam sido “lesados pelo golpe” e que “com o avanço dos negócios na cidade e na região, resolveu-se montar uma super estrutura arquitetônica que não chegou a ser inaugurada”. As informações sobre investimentos de políticos e de empresários, entretanto ainda carecem de confirmação policial.
Investigação avança
No último dia 16 de fevereiro, a Polícia Federal deflagrou a Operação Halving, com o objetivo de combater crimes contra o sistema financeiro e contra o mercado de capitais em tese cometidos por sócios da Braiscompany. Foram bloqueados aproximadamente R$ 15.300.000,00 (Quinze milhões e trezentos mil reais) em contas de pessoas investigadas junto à exchanges, onde os investimentos com criptmoedas são realizados.
Vale destacar que, a princípio, as investigações se concentram na atuação dos proprietários da empresa, Antônio Inácio Silva Neto e Fabrícia Campos.
Desde dezembro do ano passado, centenas de pessoas já alegavam que sofreram prejuízos com investimentos na empresa sediada em Campina Grande. Basicamente, as vítimas pararam de receber os recursos oriundos dos “aluguéis” das criptomodeas. Como mostrou o blog, de acordo com a Associação das Vítimas da Braiscompany, que tem o auxílio de advogados paraibanos, já são mais de 2.200 pessoas em busca de orientação jurídica em um perfil criado no Instagram. Em outro grupo, no WhatsApp, já são aproximadamente 600 vítimas.
Nesta sexta-feira (24), a Justiça Federal determinou as prisões de Antônio Inácio de Fabrícia Farias Campos. Ao acolher um pedido do Ministério Público Federal (MPF), o juiz Vinícius Costa Vidor também determina a inclusão do mandado em difusão vermelha, encaminhando, em seguida, o conjunto de documentos à Superintendência da Polícia Federal na Paraíba para solicitação da difusão à Interpol.
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