O pai da adolescente Vitória Regina Sousa, Carlos Alberto Sousa, foi incluído como suspeito na investigação sobre o assassinato da jovem de 17 anos em Cajamar, na região metropolitana de São Paulo. Ele tornou-se investigado no último domingo, 9, quatro dias após o corpo da garota ser encontrado com sinais de brutalidade e tortura em uma área de matagal.
Segundo a Polícia Civil de Franco da Rocha, que investiga o caso, Carlos apresentou “comportamento estranho” nos dias seguintes à descoberta do corpo de Vitória, que foi encontrada na última quarta-feira, 5. O inquérito diz que o pai da vítima teria pedido um terreno ao prefeito de Cajamar, Kauan Berto (PSD), no primeiro encontro que tiveram após o crime. No dia do crime, o pai também deixou de buscar a filha no trabalho, como fazia usualmente, porque o carro estaria à espera de conserto em uma oficina.
Carlos teria, ainda, omitido as ligações que fez a Vitória na madrugada do desaparecimento, na quinta-feira da semana retrasada, 27, e também deixou de mencionar que a filha queria se mudar de casa devido a supostas brigas com a família. No domingo, em entrevista ao jornalista Roberto Cabrini, do SBT, Carlos se defendeu das acusações de ter ocultado informações dos investigadores. “Qual é o pai que, quando uma filha desaparece, não tenta falar com ela?”, questionou.
Sobre a mudança, Carlos afirma que Vitória tinha o desejo de morar com a irmã mais velha para estar mais perto do shopping onde trabalhava como operadora de caixa, já que seu turno acabava às 23h — a investigação, contudo, aponta uma “relação conturbada” da adolescente com os pais, possivelmente envolvendo seu relacionamento com o ex-namorado Gustavo Vinicius Moraes, de 26 anos, outro suspeito de participação no crime.
Dono de carro visto no local do sequestro foi preso no sábado
No último sábado, 8, a polícia prendeu Maicol Antônio Sales dos Santos, de 27 anos. Ele é o proprietário do carro Toyota Corolla de cor prata que foi visto por testemunhas próximo à estrada de terra onde Vitória desapareceu, em 27 de fevereiro, na noite do desaparecimento — naquela data, o veículo estava emprestado para Gustavo Moraes, apontado como amigo de Maicol.
Segundo as investigações, Maicol era vizinho da família de Vitória e teria desaparecido na manhã seguinte ao sequestro da adolescente. Ele teve uma ordem de prisão expedida pela Justiça após a polícia apontar divergências em seu depoimento — o suspeito alegou que estava em casa com a esposa na noite do crime, mas a própria cônjuge o desmentiu, afirmando que ela estava na casa da mãe e só encontrou o marido no dia seguinte.
Até o momento, apenas Maicol foi preso. O ex-namorado, Gustavo Moraes, chegou a ter a prisão pedida pela polícia e negada pela Justiça, mas se apresentou voluntariamente à delegacia na semana passada e relatou estar se sentindo ameaçado. Inicialmente, o jovem havia dito em depoimento que não recebera as mensagens de Vitória pedindo uma carona na data do crime e alegou que estava acompanhado de outra garota, mas a triangulação das antenas de celular revelou à polícia que ele esteve próximo do local de desaparecimento por volta das 0h35 da mesma noite.
Ao longo do final de semana, a polícia realizou buscas e perícia no Toyota e em um endereço próximo à represa de Cajamar, distante do local onde Vitória desapareceu, onde a adolescente pode ter sido torturada e morta. O corpo foi encontrado nu com sinais de agressão severa, ferimentos profundos no crânio e no pescoço, os cabelos raspados e um sutiã amarrado no pescoço. A principal hipótese das investigações é de crime passional motivado por vingança.