O alto número de pesquisas que comprovaram a ineficiência do ‘kit Covid’ defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como tratamento contra o vírus da Covid-19 fez com que o gestor procurasse um novo medicamento para defender junto aos seus seguidores.
Para tanto, Bolsonaro já pediu ao ministro da Saúde e médico paraibano Marcelo Queiroga, para pesquisar sobre o uso de Proxalutamida para o tratamento precoce contra a Covid-19, medicamento que já está sendo apontado por muitos como “a nova cloroquina do presidente”.
Ao comentar sobre o assunto, Queiroga afirmou que o medicamento poderá ser considerado para o tratamento após realização de testes.
“Proxalutamida está no início dessas pesquisas e precisa estudar mais para verificar primeiro a sua segurança, segundo a sua eficácia, e, a partir daí, se pode ser considerada para o tratamento”, disse o ministro.
O próprio Bolsonaro disse ao receber alta hospitalar, no domingo (18), que a Proxalutamida se trata de uma droga ainda em estudo.
“Tem uma coisa que eu acompanho há algum tempo e nós temos que estudar aqui no Brasil. Chama-se Proxalutamida. Já tem uns meses que isso aí, não está no mercado, é uma droga ainda em estudo”, disse o presidente.
Estudo
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) já autorizou estudo sobre o medicamento que, assim como a Cloroquina e a Ivermectina, não tem eficácia comprovada no combate ao vírus da pandemia.
De acordo com especialistas, a nova droga apoiada pelo presidente está sendo estudada para tratar casos de câncer de próstata e mama, mas, nem mesmo para esses tipos de tratamentos, para os quais a droga foi especificamente elaborada, chegou a ser aprovada porque os testes continuam.
Ainda segundo os especialistas, resenhas sobre o estudo apontam existência de conflitos de interesses pelo fato de pesquisas já terem sido financiada e executado por empresas que seriam beneficiadas com lucros diretos a partir da venda da Proxalutamida caso a droga viesse a ser utilizada no combate à Covid-19.
Ao longo da pandemia, como lembra reportagem publicada no Estadão, o presidente fez ataques recorrentes à Coronavac, um dos carros-chefe da imunização nacional, fabricada pelo laboratório chinês Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan. O instituto é ligado ao Governo de São Paulo, que é comandado por João Doria (PSDB), seu arquirrival político.
Lucros
Após as propagandas, aparentemente voluntárias, feitas por Bolsonaro indicando, pessoalmente, medicamentos para o chamado ‘kit covid’, que não tem eficácia comprovada, o número de vendas desses ditos medicamentos aumentou exponencialmente no mercado.
Assim, as vendas de Cloroquina, Hidroxicloroquina, Azitromicina, Ivermectina, Nitazoxanida e Doxiciclina mais que quintuplicaram em 2020 para 6 das 30 fabricantes de ao menos um desses remédios.
De acordo com uma reportagem publicada pelo Poder360, o Laboratório Globo teve o maior crescimento no número de embalagens desses medicamentos vendidas: 1.856%. Passou de 135 mil para 2,6 milhões em 1 ano. A Vitamedic foi a que mais vendeu no ano passado (44,3 milhões).