O atual ministro da Saúde, médico paraibano Marcelo Queiroga, está fazendo o possível para barrar comparações entre ele e o ex-ministro Eduardo Pazuello, principalmente em se tratando das respectivas gestões à frente da pasta ministerial.
Para tanto, na última sexta-feira (16), o Ministério da Saúde divulgou uma nota através da qual tenta separar os negócios da antiga gestão na pasta e a atual.
“O Ministério da Saúde, informa que a atual gestão da pasta não tem conhecimento de memorando de entendimentos para aquisição de doses da Coronavac”, informou o texto.
A iniciativa tem se mostrado cada vez mais necessária com o passar do tempo, uma vez que novos indícios de corrupção vem sendo encontrados na pasta da Saúde.
A Folha, através de uma reportagem divulgada na sexta-feira mostrou que o ex-ministro Pazuello havia prometido a um grupo de intermediadores comprar 30 milhões de doses da vacina chinesa Coronavac. A imunização foi oferecida formalmente ao Governo por quase o triplo do preço negociado pelo Instituto Butantan.
De acordo com a matéria originalmente publicada pela Folha, a negociação, em uma reunião fora da agenda oficial dentro do ministério em 11 de março, teve o seu desfecho registrado em um vídeo em que o general da ativa do Exército aparece ao lado de quatro pessoas que representariam a World Brands, uma empresa de Santa Catarina que lida com comércio exterior.
A gravação, obtida pela Folha e já de posse da CPI Covid no Senado, foi realizada no gabinete do então secretário-executivo da pasta, o coronel da reserva Elcio Franco. Nela, Pazuello relata o que seria o resumo do encontro.
“Já saímos daqui hoje com o memorando de entendimento já assinado e com o compromisso do ministério de celebrar, no mais curto prazo, o contrato para podermos receber essas 30 milhões de doses no mais curto prazo possível para atender a nossa população”, diz o então ministro, segundo quem a compra seria feita diretamente com o governo chinês.
Os senadores reagiram à reportagem nesta sexta-feira, afirmando que ela abre um novo flanco nas investigações. Por isso prometem convocar o empresário John para dar explicações, assim que terminar o recesso parlamentar.
A CPI, assim como todo o Congresso Nacional, vai parar suas atividades por suas semanas a partir da próxima segunda-feira.
“Estamos diante de uma hidra, que a gente corta uma cabeça e aparece uma outra”, afirmou o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
O atual secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, disse que não sabia da negociação citada no vídeo. “Tomei conhecimento pela imprensa.”
O vídeo divulgado pela Folha chamou a atenção da CPI por se tratar de mais uma negociação que envolve intermediários e não feita diretamente com os laboratórios desenvolvedores das imunizações.