O ministro da Saúde, paraibano Marcelo Queiroga, terá outra saia justa para enfrentar nos próximos dias. Isso por que o Procon-SP planeja voltar a pressioná-lo para que tome medidas contra o reajuste dos planos de saúde neste ano por causa da pandemia.
De acordo com informações publicadas originalmente na Folha, Fernando Capez, diretor do Procon-SP, já esteve com Queiroga no mês passado tratando do assunto.
Segundo Capez, o Ministério da Saúde poderia emitir diretrizes e resoluções para elevar a quantidade de informações disponíveis aos consumidores sobre os números do setor.
Ele diz que os boletos deveriam ser mais detalhados para o consumidor conhecer os aspectos que formam o preço. “Com a abertura do boleto, as pessoas vão entender que elas pagam até 30% a mais só a titulo de despesas burocráticas. Nós fizemos um levantamento no setor”, diz.
Capez também pede a divulgação de informações específicas sobre os custos dos hospitais. “Isso dá um critério para que a ANS e os Procons verifiquem se está havendo uma desproporção entre o aumento de despesas e o reajuste”, afirma.
Para ele, a consulta pública sobre o tema está tramitando muito lentamente.
Cobranças
Usuários de planos de saúde coletivos por adesão começaram a receber seus boletos com reajuste anual em torno de 16%. Muitos são clientes da Qualicorp, uma das principais administradoras de benefícios no país e que tem como parceiras 102 operadoras de saúde, e já buscam escritórios de advocacia e associações de defesa do consumidor para questionar o aumento na Justiça.
Segundo a Folha, além de ser o dobro da inflação do período (o acumulado em 12 meses é de 8,06%, segundo o IBGE), a cobrança deste ano ocorre em um momento em que se espera um reajuste dos planos individuais próximo a zero, ou até negativo, devido à queda nos custos do setor em 2020, provocada pela redução de cirurgias, consultas, exames e outros procedimentos eletivos durante a pandemia.
O índice de aumento dos planos individuais, que representam cerca de 20% do total de usuários de planos de saúde, é calculado pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). O valor deste ano ainda não foi divulgado.