A queda de receitas somada ao aumento das despesas mensais levou 48% dos municípios paraibanos – o que equivale a 107 prefeituras – a fecharem o primeiro semestre de 2023 com as contas no vermelho. É o que informou, nesta quarta-feira (30), a Confederação Nacional dos Municípios (CNM). No mesmo período de 2022, a porcentagem chegava a 6%.
De acordo com a entidade, na Paraíba, a cada R$ 100 arrecadados nos pequenos Municípios, R$ 91 foram destinados a pagamento de pessoal e custeio da máquina pública.
Estamos em diálogo com as autoridades em Brasília e já alertamos. Muitos não veem o que está acontecendo na ponta, mas o problema é grave. Isso é também resultado de despesas criadas no Congresso e pelo governo federal sem previsão de receitas, como os pisos nacionais, caindo toda a demanda no colo dos Municípios”, avalia o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.
Entre as despesas que oneram os cofres das prefeituras paraibanas estão, por exemplo, recomposições salariais de servidores municipais, o impacto de reajuste do piso do magistério, que, se concedido como foi imposto pela União, soma R$ 436,9 milhões e o atraso no pagamento de emendas parlamentares.
A redução em emendas de custeio – do primeiro semestre de 2022 para o mesmo período de 2023 – é de quase 69%, passando de R$ 423,1 milhões para R$ 130,8 milhões. No total de emendas, a queda foi de R$ 555,1 milhões para R$ 259,5 milhões para o Estado. A cota-parte do ICMS, afetada pela LC 194/2022, recuou 1,1%.
Enquanto as despesas de custeio tiveram aumento de 19,1%, o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) apresenta mais decêndios menores do que o mesmo período de 2022. No primeiro decêndio de julho, por exemplo, houve uma queda brusca de 34,49% no repasse. Em agosto, a queda foi de 23,56%, explicada por uma redução na arrecadação de Imposto de Renda e um lote maior de restituição por parte da Receita Federal.
Além disso, os gestores da Paraíba enfrentam o represamento de 5,6 milhões de procedimentos ambulatoriais e 37,4 mil procedimentos hospitalares durante a pandemia, sendo necessários R$ 130,9 milhões para equacionar a demanda; 200 programas federais com defasagens que chegam a 100%; 195 obras paradas e abandonadas por falta de recursos da União; e obras concluídas com mais de R$ 125,3 milhões em recursos próprios sem repasse do governo federal.