O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva planeja entregar o comando da recriada Fundação Nacional de Saúde (Funasa) a um partido do Centrão, provavelmente o PP, como forma de reduzir o assédio sobre o Ministério da Saúde. O órgão, responsável por obras de saneamento, tem capilaridade nacional.
Na Paraíba, o órgão era comandado pela família Ribeiro, antes da Medida Provisória que a extinguia. A mãe do deputado Aguinaldo Ribeiro e da senadora Daniella Ribeiro, ambos do PP, Virgínia Veloso Borges, era a superintendente.
A Funasa havia sido extinta no começo do ano pelo governo por meio de uma medida provisória (MP), que não foi votada e perdeu a validade. O fim definitivo da fundação chegou a ser colocado no relatório da MP de reestruturação dos ministérios, mas um acordo de última hora, entre o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e o deputado Danilo Forte (União-CE), permitiu a aprovação de uma emenda do PL para suprimir o trecho que tratava do órgão.
De acordo com um integrante do governo, após viabilizada a sua recriação, a Funasa será “toda loteada”, não só o comando nacional como também as superintendências estaduais. As negociações devem ser abertas após a definição da estrutura exata que a fundação terá com após a sua recriação. Esses detalhes vão dizer o grau de cobiça dos partidos pela nova Funasa.
É certo que a estrutura ficará sob o guarda-chuva do Ministério da Saúde. A entrega de toda a pasta, com orçamento de R$ 183,8 bilhões, ao Centrão passou a ser vista por uma ala do governo como um caminho para a formação de uma base sólida no Congresso. Lula, porém, descarta no momento tirar Nísia Trindade, um quadro técnico sem vinculação partidária, do comando do ministério.
O Globo