Foi lançado ontem (25), na Vila Sítio São João, localizada no bairro Dinamérica, na cidade de Campina Grande, o livro ‘Traquinagens liberadas de Biliu de Campina’ (Arribaçã Editora, 90 páginas), de autoria do escritor Noaldo Ribeiro, onde mostra a trajetória do cantor e compositor paraibano Biliu de Campina – como é mais conhecido o advogado Severino Dias de Oliveira.
A obra reúne “causos” bem-humorados protagonizados pelo artista versado em “forrobodologia”, é ilustrada pelo chargista e escultor Dilson Rocha e custa R$ 30. Na oportunidade, a programação do evento ainda inclui inauguração de estátua em homenagem ao músico forrozeiro, que também realizará show apresentando repertório formado por uma coletânea de suas canções. “Quando se resolve escrever alguma coisa sobre alguém, a primeira ideia é a de uma biografia. Mas esse livro, que é dividido em 10 capítulos, com um título para cada um, não é uma biografia. O que eu procurei captar foi a irreverência de Biliu, relatando alguns acontecimentos que o envolveram, ao longo da sua trajetória. É um monte de historietas descontraídas e descompromissadas, que relatam a irreverência e a criatividade de Biliu de Campina”, relatou o autor.
“Fiz tudo de memória, não recorri a nenhuma pesquisa e nem conversei com Biliu, porque convivo com ele há muito tempo, ou seja, desde a metade dos anos 1980, e sempre me encontrei e conversei com ele”, detalhou Noaldo Ribeiro. Concluído em maio, Ribeiro disse que estava ansioso para lançar a obra na época junina. “Depois de terminado mostrei para ele, que gostou do resultado, principalmente como na parte do curriculum vitae, quando coloquei ‘advogado fracassado, forrozeiro de sucesso’, tendo ele rido da situação”. Noaldo Ribeiro comentou que a obra – cuja capa é ilustrada com quadro a óleo da artista plástica Margareth Aurélio, com arte-final de João Damasceno – foi escrita de maneira muito descontraída para o leitor.
“O livro não faz maiores análises, a não ser no capítulo Lições de forrologia, no qual Biliu acredita que existe a pré-história do forró, através de artistas como Jararaca e Ratinho, que seria o embrião do que agora é o forró. Ele faz alusão de um conservatório a uma oficina mecânica, onde o funileiro, por exemplo, tem uma maneira de bater no ferro para que tudo saia bem, assim como faz o músico ao tocar canções regionais; no caso do aboio, o contraponto seria o canto gregoriano, enquanto a vestimenta do vaqueiro é comparada com a dos monges beneditinos”.
O autor ainda menciona outro episódio relatado no livro, que é o da ocasião, em 2012, em que Biliu de Campina foi se apresentar, com outros artistas que saíram de Pernambuco, no Lincoln Center, em Nova York, nos EUA, no show Mestres do Forró Nordestino: Tribute to Luiz Gonzaga (U.S. debut), e, na cidade, se deparou com o memorial dedicado ao ex-beatle John Lennon. “Ele também já foi convidado para o Abril Pró-Rock, em Pernambuco, tocou forró e a galera gostou. Quanto ao temperamento de ‘popeiro’, por não levar desaforo para casa, acredito que deve vir do tio dele, Zuza Alfaiate. No livro ainda relato o episódio ocorrido na cantina de Manoel da Carne de Sol, um ambiente tradicional em Campina Grande, que atrai políticos, entre outros. Naquele local, Biliu foi desafiado a fazer uma música tendo como palavra chave ‘defunto’ e ele terminou fazendo a letra”, comentou Noaldo.