Uma mensagem de WhatsApp atribuída ao ex-deputado federal Daniel Silveira, preso hoje por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), mostra a sugestão de um plano para gravar, ilegalmente, o ministro Alexandre de Moraes. O conteúdo, segundo a Folha de São Paulo, teria sido enviada ao senador Marcos do Val (Podemos-SE).
“Como tivemos pouco tempo, não passei o que entendo como diretriz para que você adapte da sua maneira. Contudo, já tenho escutas usadas pelas operações especiais. Tenho veículo receptor que pode imediatamente reproduzir além da gravação e essa operação ficar restrita a um círculo de 5 pessoas. Três estavam sentados hoje conversando juntos. Se aceitar a missão, parafraseando o 01, salvamos o Brasil”, diz o texto da mensagem atribuída a Silveira.
Em entrevista à Folha, o senador Marcos do Val disse que recebeu a mensagem depois de uma conversa com Silveira e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), logo após o resultado das eleições de outubro e antes da diplomação de Lula (PT) como presidente da República.
Do Val relata que estava no plenário do Senado quando Silveira o chamou do lado de fora e disse que o ex-presidente Bolsonaro queria falar com ele. O senador, então, conta que Bolsonaro perguntou se os dois poderiam se encontrar pessoalmente — o que ocorreu, segundo ele, alguns dias depois.
O senador afirma que, nesse encontro diante de Bolsonaro, Silveira propôs que ele gravasse o ministro do Supremo e tentasse arrancar dele alguma contradição que pudesse, depois, prendê-lo. O plano, segundo ele, desencadearia uma ruptura a ponto de Lula não assumir a Presidência.
Nesta quinta-feira, durante a madrugada, Do Val fez uma transmissão ao vivo pelas redes sociais afirmando que a revista Veja publicaria uma reportagem mostrando que Bolsonaro tentou coagi-lo a “dar um golpe de Estado junto com ele”.
À Folha o senador dá outra versão. Do Val afirma que Bolsonaro ouviu a proposta, mas ficou em silêncio e se manifestou apenas ao final do encontro, dizendo que iria pensar.
“[Bolsonaro] só ouviu junto comigo, aí eu fiz os questionamentos. A questão da legalidade, e por que. Aí, na hora de ir embora, a única coisa que o presidente falou foi o seguinte: Vamos pensar”, disse à reportagem.
O senador diz que se recusou a seguir o plano e denunciou o plano ao ministro Alexandre de Moraes. Do Val afirmou que sua decisão sobre renunciar ou se afastar do mandato ainda não está tomada e que vai conversar com sua equipe nesta quinta-feira.
MaisPB com Folha de São Paulo