Ex-ministro da Ciência e Tecnologia e eleito agora senador pelo estado de São Paulo, Marcos Pontes é o único brasileiro que foi ao espaço. Em 2006, Pontes embarcou na nave russa Soyus para um voo batizado de “Missão Centenário” em comemoração aos cem anos do voo de Santos Dumont no 14-Bis. Para se eleger senador, Marcos Pontes valeu-se politicamente do feito, incorporando ao seu nome o epíteto de “Astronauta”.
Se dependesse das ações do governo do qual fez parte e apoia, porém, muito provavelmente Marcos Pontes não teria ido ao espaço. Ou mesmo Santos Dumont talvez não tivesse obtido alguma ajuda para ter feito decolar na França em 1906 o primeiro avião, o 14-bis. Como o Congresso em Foco tem mostrado na série Ciência à Deriva, as ações e inações do governo têm provocado grave risco ao desenvolvimento científico e tecnológico do país. Situação reforçada por nova ação praticada pelo governo no último dia 6 de outubro.
A portaria SETO ME nº 8893, do Ministério da Economia, publicada no dia 6 de outubro, abre um valor suplementar de R$ 616 milhões para o próprio Ministério da Economia, para o Ministério do Desenvolvimento Regional e para o pagamento de encargos financeiros da União. A notícia poderia até parecer positiva se os recursos agora alocados nessas pastas não tivessem saído do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), do Ministério da Ciência e Tecnologia. Ou seja, para atender a essas outras áreas, o governo cortou dinheiro da já combalida área de ciência e tecnologia.
Veja a íntegra da portaria:
PORTARIA SETO ME Nº 8893, DE 06 DE OUTUBTO DE 2022 – Cancelamento FNDCT_221007_152937
Diversos projetos cortados
A portaria diminui ainda mais recursos que já tinham sido reduzidos pela Medida Provisória 1.163/2022, que a comunidade científica já tinha batizado de “MP anticiência”. Em nota conjunta, diversas instituições da área acadêmica e científica alertam que os novos cortes irão prejudicar programas como Brasil na Fronteira do Conhecimento, o Programa de Tecnologias Aplicadas, Inovação e Desenvolvimento Sustentável. E o Programa Espacial Brasileiro, aquele para o qual se esperava que o Astronauta Marcos Pontes tivesse algum zelo.
“Neles se incluem projetos estratégicos para o país e seu futuro, tais como a Construção de Fonte de Luz Sincrotron de 4ª geração – SIRIUS, a Implantação, Recuperação e Modernização da Infraestrutura de Pesquisa das Instituições Públicas e o Fomento às Pesquisas Básicas e aplicadas em áreas fundamentais como saúde, Amazônia e meio ambiente, tecnologia da informação, agronegócio, biotecnologia, recursos hídricos, energia, mineração, transportes etc”, diz a nota, assinada pela Iniciativa para a Ciência e Tecnologia no Parlamento (ICTP), a Academia Brasileira de Ciências, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior (Andifes), o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), o Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior (Confies), o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), o Conselho Nacional para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti), o Instituto Brasileiro de Cidades Humanas, Inteligentes, Criativas e Sustentáveis (Ibrachics) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Veja a íntegra da nota:
Ciência Brasileira na míngua
PB Agora com Congresso em Foco