SÃO PAULO (Reuters) — O volume de serviços no Brasil chegou ao final do segundo trimestre em alta pelo segundo mês seguido e acima do esperado, ganhando fôlego mesmo diante de um cenário de inflação elevada no país graças principalmente ao setor de transportes.
O volume de serviços cresceu 0,7% em junho na comparação como mês anterior, mostrando aceleração ante a taxa de 0,4% de maio, embora esta tenha sido revisada para baixo de 0,9% informado antes.
Os dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram ainda que, na comparação com o mesmo período do ano anterior, os serviços apresentaram ganho de 6,3% no volume.
O setor de serviços encontra-se 7,5% acima do nível de fevereiro de 2020, pré-pandemia, mas ainda 3,2% abaixo de novembro de 2014, o pico da série, de acordo com o IBGE.
As expectativas em pesquisa da Reuters eram de ganhos de 0,5% na base mensal e de 6,1% na anual.
O retorno da demanda presencial para os fornecedores de serviços tem ajudado a impulsionar o volume do setor, que por outro lado ainda enfrenta a inflação elevada no país.
As incertezas à frente também permanecem com o aperto nas condições monetárias e financeiras em um ano de eleição presidencial, embora medidas do governo de auxílio à renda e o enfraquecimento esperado da inflação possam dar impulso ao setor.
Entre as cinco atividades pesquisadas pelo IBGE, quatro apresentaram crescimento em junho, sendo que a maior influência positiva partiu do avanço de 0,6% de transportes, com destaque para o transporte dutoviário, rodoviário de cargas e coletivo de passageiros.
“O setor (de transportes) foi beneficiado inicialmente pelo aumento do transporte de cargas, muito disso devido ao aumento observado nas vendas online durante a pandemia, gerando impacto na cadeia logística, e, posteriormente, a recuperação do transporte de passageiros ajudou a impulsionar o setor”, explicou o analista da pesquisa Luiz Almeida.
Também se destacou o crescimento de 0,7% dos serviços profissionais, administrativos e complementares, graças ao aumento das atividades relacionadas a organização, promoção e gestão de feiras, congressos e convenções, entre outras.
O índice de atividades turísticas, por sua vez, mostrou recuo de 1,8% em junho sobre o mês anterior, interrompendo três meses seguidos de ganhos. O segmento ainda está 2,8% abaixo do patamar pré-pandemia.
“O que puxou as atividades turísticas para baixo esse mês foi o transporte aéreo, devido ao aumento do item passagens aéreas no IPCA em junho”, disse Almeida.