“Valeu a pena”. Esse foi o primeiro pensamento de Maitê Maria ao saber que tirou nota mil na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021. A média geral ultrapassou os 800 pontos. Mas, antes disso, ela lembra do percurso até alcançar o resultado máximo, quando se dedicava 10 horas por dia aos estudos, enquanto se preparava em casa para as provas, na cidade de João Pessoa.
“Fiquei incrédula. Acho, que na verdade, a ficha ainda não caiu. Para a maioria dos estudantes [a nota mil] é algo distante. Foi uma felicidade sem tamanho. A nota final depende dela e ter a nota máxima realmente abriu caminhos. Já vinha construindo essa nota e agora, finalmente, consegui chegar à pontuação máxima”, comemorou ainda surpresa.
A paraibana, de 20 anos, sonha cursar medicina para ajudar as pessoas com o trabalho. “Quero ser a face de Deus para quem precisa”, revelou.
Esta é quarta vez que a jovem faz as provas do exame. Já houve uma aprovação, mas para estudar em Campina Grande, no Agreste do estado. Por isso, ela preferiu continuar tentando até passar em uma universidade na capital paraibana.
“Nesse último ano, estudei sozinha em casa. Veio a pandemia em 2020 e acabei me adaptando muito a esse tipo de estudo. Me descobri e acabei optando por continuar em 2021”, explicou.
A rotina era organizada no decorrer do dia. Pela manhã, ela estudava entre 8h e 12h. No turno da tarde, após o intervalo para o almoço, retomara às tarefas entre 14h e 18h. Já no período da noite, entre 20h e 22h.
E, mesmo com uma jornada longa de estudos, Maitê não esqueceu de descansar. Pelo contrário, investiu em atividade física e nos momentos de lazer. Para isso, contou com o apoio dos pais e do irmão mais velho.
Maitê escrevia um texto por semana, mas tema da redação gerou insegurança
A experiência adquirida durante os quatro anos em que a jovem se preparou para a prova ajudou na caminhada que trilhou quase que totalmente sozinha no ano passado. O auxílio que ela tinha era justamente nas correções dos textos que produzia, feitas por uma professora de língua portuguesa, que trabalha como consultorias na área.
Toda semana, religiosamente, uma redação era escrita por Maitê, corrigida pela professora e reavaliada pela estudante, que também aprendeu com os erros.
“Via o que tava errando e tentava não errar nas próximas. É importante atentar aos nossos erros pra que a gente não os repita”, recordou.
Mesmo preparada, a paraibana não tinha tanta afinidade com o tema “invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”, proposto na prova de 2021.
“Essas questões são desconhecidas. Muitos de nós nem sabíamos que isso era um problema social. E acaba que a invisibilidade dificulta a resolução desse problema”, disse.
Na hora de escrever, ela teve a ajuda do “conhecimento de mundo”, do que foi “aprendendo ao longo da vida”. Por isso, acredita que, para a redação, a bagagem cultural conta muito.
Com o que sabia, ela resolveu dissertar sobre as questões burocráticas para se conseguir um registro civil e ainda a respeito da indiferença social em relação a essas questões.
por g1 PB